Resenhas, artigos e contos

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[Resenha] O Senhor das Sombras, de Leandro Reis

Resenha originalmente publicada em 13/11/2011 no blog Luizdreamhope

Editora: Idea
Lançamento: 2010
Páginas: 352
Skoob
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     Saraiva 
Sinopse: O Senhor das Sombras é o segundo volume da trilogia “Legado Goldshine”, iniciada por Leandro Reis em Filhos de Galagah. Neste livro, o autor dá continuidade à missão de Galatea na busca pela segunda runa. A aventura, agora, toma proporções épicas, e muitos mistérios deixados pelo primeiro volume, Filhos de Galagah, são respondidos, além das novas intrigas que são acrescentadas à trama.
Nesta sequência, Leandro Reis aprofunda o drama da bruxa vermelha, Iallanara Nindra, que, exposta aos seus maiores conflitos, é obrigada a fazer uma escolha crucial: matar sua única amiga e protetora, ou traí-la? Sukemarantus, manifestação do Mal, que tem o poder de controlar toda sorte de criaturas das trevas, lança mão de seus recursos mais vis para atingir seus sombrios objetivos.
Enquanto isto, a busca de Galatea segue por rumos inimagináveis, levando-a às tribos bárbaras das planícies do sul, uma sociedade ímpar e desunida, berço de poderosos guerreiros, essenciais para o sucesso desta nova cruzada.
Em O Senhor das Sombras, inúmeros desafios testarão nossos heróis fantásticos. Muitos sacrifícios serão necessários, enquanto o maior dos perigos se esconde dentro do próprio grupo. Nessa aventura, o fracasso espreita, ávido por um simples deslize, escondido nos cantos mais improváveis da história.

Ainda me recordo de quando apertei a mão do Leandro Reis e o vi autografando todos os meus exemplares do Legado Goldshine: Filhos de Galagah, O Senhor das Sombras e Enelock. A sensação de conhecer um autor pessoalmente é maravilhosa, e melhor ainda é lhe dar o feedback de seu trabalho.

Faz um ano que li a primeira parte desta trilogia e, como trabalho de todo autor iniciante, teve seus altos e baixos. Para um segundo livro, ainda mais a continuação de uma série, é de se esperar que o escritor aprimore sua escrita, e o Leandro não fez diferente, talvez até melhor do que eu esperava. O trabalho de O Senhor das Sombras demonstrou uma qualidade notável se tomando como referência seu antecessor, Filhos de Galagah, e mostra o quanto a escrita foi aperfeiçoada. Ademais, a qualidade deste livro não se atém unicamente à obra: seu booktrailer, um dos pontos pitorescos apresentando por Leandro Reis para cativar a leitura também deu um grande salto, sendo, aliás, responsável por eu adquirir Filhos de Galagah há pouco mais de um ano, quando estava sendo lançado o segundo livro. Não poderia deixar de fora também a excelente capa, bastante sedutora.


Um detalhe que, para mim, ficou estampado no primeiro livro foi a forte influência do RPG, por onde o universo de Grinmelken teve suas origens. Isso não aconteceu em O Senhor das Sombras. O livro apresentou uma estrutura mais literária e menos "rpgista", e que se refletiu também na escrita. Alguns trechos, principalmente das batalhas ferozes e sanguinolentas, o autor conseguiu passar as descrições de uma maneira contagiante. Idem para as cenas envolvendo os sentimentos dos personagens mais misteriosos e suas ações. Na verdade, achei as descrições das partes mais sombrias as melhores cenas. Apenas devo destacar um aspecto negativo, e vou logo dizendo que não ocorre apenas nesse livro, mas em outros, seja nacional ou estrangeiro, variados erros de digitação. Nessa edição que eu peguei havia duas frases consecutivas e  idênticas. As editoras deveriam trabalhar um pouco melhor a edição de seus produtos.

O foco do segundo volume foi em Iallanara, uma personagem tão cativante quanto a protagonista - para ser sincero, prefiro a própria Bruxa Vermelha que a Galatea; aliás, minto, o Gawyn supera todos em quesito de carisma. Mas voltando a falar da Iallanara, ficamos ansiosos desde as primeiras até as últimas páginas em saber qual será sua decisão final: aliada ou inimiga? O sofrimento desta personagem, já revelado no primeiro volume, ganhou contornos sombrios e emocionantes: era, enfim, a hora da decisão final para ela. 

Dragões... Na leitura de Filhos de Galagah senti falta da imagem real desta criatura fantástica, pois eles sempre se exibiam na forma de humanos. Neste, porém, os dragões realmente apareceram. E não faltou batalhas envolvendo-os. As descrições desses seres, assim como a narração das ferozes batalhas que travaram, acompanharam o amadurecimento da escrita. 

Fiquei surpreso com a quantidade de personagens novos. Essa segunda aventura do grupo liderado pela princesa de Galagah que veste uma armadura de ouro (analogia infame a Saint Seiya) foi mais extensa que a viagem à cidade de Lemurian. As dificuldades para encontrar a segunda runa foram bem maiores, o trajeto cheio de percalços, inimigos mais sombrios e poderosos, conflitos dentro do grupo mais explícitos - era sempre culpa da Iallanara -, e muitos aliados durante o percurso. Em outras palavras, uma aventura mais rica e emocionante. O único ponto negativo foi que, em alguns momentos, a história arrastou-se além da conta. Para ser mais específico, o enredo após a Floresta do Enforcados - para mim, a melhor parte da história -, decaiu um pouco, não de qualidade mas de ritmo.

E eu não imaginava que surgiria um romance nessa saga. Com essa adição, os sentimentos de determinado personagem irão variar um pouco.

Enfim, para aqueles que gostaram do que leram em Filhos de Galagah, O Senhor das Sombras é indispensável.