O problema de abraçar
uma enormidade de ideias é a incapacidade de transformar todas elas em um
projeto concreto. Algumas serão perdidas, outras, simplesmente guardadas para
momentos mais apropriados, e raríssimas, talvez apenas uma, serão aproveitadas.
Neste mês não tive exatamente um sobrecarga de ideias, mas um desejo de
escolher uma delas para desenvolvê-la num único romance. Contudo, venho
cozinhando o primeiro volume de uma série há anos, e apesar de todas as
dificuldades ao escrevê-la, desejo muito ter esse livro terminado (e
publicado).
Então fiquei na dúvida:
escrever o início de uma série ou um romance único. Para ser escritor, não
basta apenas sentar na cadeira e produzir uma boa história; às vezes é necessário
ter um mínimo conhecimento sobre o mercado editorial para conseguir ser vendido
e lido (pois publicar qualquer um pode fazer). E o que tenho observado na
literatura de entretenimento é a massiva quantidade de séries de autores
experientes ou iniciantes, estrangeiros ou brasileiros. Deixaremos de lado os
estrangeiros e os experientes, e ficaremos com uma figura muito comum que é o
autor brasileiro iniciante. Faz pouco tempo desde que o boom dos blogues literários e das redes sociais alavancaram o surgimento
de alguns autores nacionais. Alguns são mais conhecidos, outros, nem tanto, mas
cada um consegue o seu espaço para atingir seu público-alvo quando utiliza os
meios que estão à disposição (redes sociais, blogues, eventos literários,
encontros com leitores, etc). A questão já mencionada é que muitos desses
autores iniciam a carreira com trilogias, quadrilogias ou mais. Fico me
perguntando se eles conseguem vender mesmo o segundo livro. Se o primeiro for
uma decepção para os leitores e para a editora, o próximo volume dificilmente
será publicado. Mas se o autor começar por um romance com começo, meio e fim,
mesmo que ele não se saia muito bem nesse, ele pode tentar fazer um trabalho
melhor no seguinte. Enfim, ouço relatos de escritores sobre a dificuldade de
começar a carreira com uma série, e eles mesmos não recomendam os iniciantes a
trilharem esse caminho. É mais seguro consolidar seu nome com um romance único
para depois embarcar nessa empreitada de histórias com vários volumes.
Pensando nisso, passei
o mês escrevendo o início de duas histórias que dariam um único livro. A
primeira delas, infelizmente, tinha uma rede grande demais para capturar novas
ideias e transformar o enredo de tal maneira que ficou insustentável elaborá-la
em um só livro. Já segunda foi mais fácil de ser estruturada. Consegui fazer um
roteiro dos acontecimentos do livro e me pus a escrever. Terminei o primeiro
capítulo e mostrei para algumas pessoas, conseguindo um resultado satisfatório.
No entanto, ao chegar no terceiro capítulo comecei a sentir algo estranho, um
pressentimento de que deveria estar fazendo alguma coisa e não estava. Foi
então que percebi que aquela não era a história que eu queria escrever no
momento. Pode soar um pouco romântico, mas sentia meu coração pedindo a escrita
de meu projeto inicial, enquanto a mente insistia no atual. Era uma questão
simples: escrever aquilo que você quer escrever arriscando-se com uma série, ou
escrever aquilo mais fácil de ser publicado, mas não quer escrevê-lo sem antes
escrever o que quer. Eu optei pela primeira opção. Não foi uma decisão baseada
apenas em sentimentalismo. Se eu escolhi voltar definitivamente para esse
projeto foi porque venho trabalhando nele há anos, e o conheço muito melhor do
que qualquer outro projeto de romance que tenha criado.
Mas dessa vez preferi
contar com a opinião dos leitores, o combustível necessário para que eu
continue amadurecendo a escrita e mantenha um ritmo profissional até o final do
romance. Por isso já criei uma página no facebook e um post aqui no blog para
linkar todos os capítulos que futuramente serão lançados em periodicidade
mensal. Pretendo divulgar apenas o primeiro arco da história e receber o máximo
de comentários (elogios ou críticas) para testar a receptividade do romance. Então,
todos estão convidados a curtirem a página de Nerikia, onde já disponibilizei o
prólogo.
Entrementes,
continuarei publicando a série Doppelgänger aqui no blog. Na verdade, essa
história não está tão longe de ser encerrada. A ideia inicial era fazer um
enredo mais longo, tanto que até inseri o subtítulo de “Primeiro Dia” na capa
da história, mas para que eu possa ter um tempo maior para me focar no Nerikia,
estou eliminando todos os futuros personagens secundários e muitos detalhes que
ainda poderiam ser desenvolvidos. Apesar de ter adiantado o término da
história, estou me esforçando para fechar o arco do personagem e os mistérios
ainda sem resolução.
Por último, gostaria de
avisar que estou participando de mais uma antologia, Vírus Z – Apocalipse Zumbi, da Editora Crescente, com o conto “Resquícios de Humanidade”. Preciso
urgentemente atualizar minha página de publicações (risos). E a seção reservada
ao “E” da imagem do blog também precisará de alterações futuramente.
É isso. Foi um mês de escrita
bem intenso.
Até a próxima!