Imagine-se
no princípio do século XX. Olhe para o céu à noite, vislumbre nosso
satélite natural e devaneie: como será lá em cima? Desprovidos do largo
conhecimento científico que temos hoje, o imaginário popular a respeito
da Lua era fervilhante. Esse é um dos pontos trabalhados no filme
francês Viagem à lua (Le Voyage Dans La Lune), lançado em 1902, dirigido e protagonizado por Georges Méliès, grande precursor do cinema.
É considerado um dos primeiros trabalhos de ficção científica da sétima arte, inspirado nas obras Da Terra à Lua (De la Terre à la Lune) de Julio Verne e Os Primeiros Homens na Lua (The First Men in The Moon),
de H.G.Wells. A película conta a história do professor Barbenfoullis
(Georges Méliès), que, junto a outros astrônomos, constroem um foguete
para uma expedição à Lua. Após se chocarem com o “olho da Lua” (imagem
icônica do cartaz do filme), descobrem que o satélite natural é habitado
por alienígenas conhecidos como selenitas. Diante da hostilidade dessa
raça lunar, os astrônomos tentam regressar à nave e voltar para a Terra.
Por ser datado de mais
de um século, vale ressaltar que o filme é mudo. Naquela época, a trilha
sonora dos filmes era produzida por uma orquestra nos momentos de
exibição no cinema. E como também não há falas, o espectador precisava
inferir a narrativa a partir da atuação mímica dos atores. Embora
estejamos acostumados (e até presos) aos moldes do cinema hollywoodiano,
é um filme de apenas 15 minutos que pode ser usufruído e compreendido
se o assistirmos com a mente aberta.
Como supracitado, ele
mostra a mentalidade popular e fantástica de cem anos atrás, ressaltada
em alguns momentos do filme: na cena em que o foguete aterrissa no
“olho” da Lua, já que a olhando da Terra nos parece ter forma de uma
face; as estrelas colocadas como pessoas, seguindo o pensamento de que
viramos uma estrela ao morrermos; e os planetas representados pelos
deuses romanos. É como uma história curiosa e ingênua construída pela
imaginação fértil de uma criança hoje em dia.
Viagem à lua e seu diretor, Georges Méliès, foram homenageados no filme A Invenção de Hugo Cabret.
Por se tratar de um
filme mudo, há inúmeros vídeos com trilha sonora distinta. Escolhi esse
vídeo postado recentemente no youtube pelo fato do ritmo da música
seguir a dramaticidade das cenas.
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