Anime: Aldnoah Zero
Gênero: Mecha
Estúdio: A-1 Pictures
Roteiro: Gen Urobochi e Katsuhiko Takayama
Ano: 2014
Episódios: 12
Primeiramente, quero frisar que não sou perito em animes
do gênero mecha, de maneira que não tenho a sorte de referências necessária
para avaliar Aldnoah Zero dentro dos parâmetros recorrentes deste gênero, e que
essa resenha é calcada em impressões gerais de quem viu apenas um punhado de
animes mecha. Portanto, irei me ater a detalhes que, em minha perspectiva,
considerei relevantes discorrer. Faço esse preâmbulo apenas para acalmar os
ânimos do espectador de gênero mecha mais hardcore
que ler esse texto e para adiantar que não tenho muita experiência em animes
deste tipo, rs.
Lembro-me de que o primeiro capítulo de Aldnoah Zero
levantou boas impressões, muitas acima da média, e a expectativa para o
restante da temporada era alta. O que despertou meu interesse foi o fato de Gen
Urobuchi (roteirista de Madoka Magica — sou quase um “madokista”, admito —,
Fate/Zero) estar por trás da criação do anime. Então, resolvi conferir os
primeiros episódios, que me convenceram satisfatoriamente (mais do que eu
esperava) a assistir a série até o final. Aldnoah Zero possui o seguinte plot:
No ano de 1972, um antigo portal conectado a Marte foi descoberto na superfície da Lua. Usando essa tecnologia, alguns humanos migraram para esse planeta, autodenominando-se marcianos, e lá acharam resquícios da tecnologia de um povo antigo, chamada Aldnoah. Os marcianos, então, fundaram o império de Vers e cortaram relações com Terra. Eventualmente, Vers declarou guerra a Terra, e, em 1999, uma batalha na Lua ocasionou a explosão do portal e a destruição parcial do satélite, cujos fragmentos caíram na Terra ou se espalharam num cinto de detritos ao redor do planeta. Os remanescentes insurgentes de Vers declararam um cessar-fogo e se estabeleceram em várias estações orbitais dentro do cinto de detritos. Quinze anos depois, em 2014, um ataque à princesa Vers durante uma missão de paz ocasiona um novo ataque a Terra, com os marcianos determinados a conquistá-la de uma vez por todas.
Parte da premissa é explicada logo no primeiro episódio,
cuja ação morna serve para pincelar a maioria dos personagens, embora o
atentado contra a princesa Vers nos últimos minutos consiga suscitar um
panorama bélico bastante empolgante, mostrando os Castelos dos cavaleiros
orbitais descendo em ataque em direção a Terra e uma cena de contraste onde
duas crianças que, achando se tratarem de estrelas cadentes, rogam pela paz no
mundo. Além disso, já no primeiro capítulo, o anime mostra que o elenco de
personagens é majoritariamente jovem, são estudantes que, devido ao clima de
pré-guerra que o mundo se encontra, recebem treinamento militar para operarem
os mechas de guerra chamados de Cataphracts. Ou seja, a proposta em relação a
estes personagens é desenvolvê-los diante de um cenário de guerra.
Desenvolvimentos de personagens, contudo, não é um dos
pontos fortes de Aldnoah Zero. Talvez, a melhor palavra seja aprofundamento, já
que quase todos os personagens são rasos e esquecíveis, cumprindo apenas papéis
de ação.
Dentre os estudantes, apenas o protagonista, Inaho,
desperta atenção; nem mesmo sua amiga de suporte, Inko, ou o amigo que se torna
mecânico, Calm, apresentam algo substancial que marquem o espectador. A
personagem Rayet, que não possui treinamento militar, pelo menos, tem sua
ojeriza por marcianos explorada a ponto de causar uma provável reviravolta na
história. Já Inaho, desde suas primeiras atuações no episódio 1, é um
protagonista que nos levanta uma série de porquês a respeito de sua
personalidade tranquila e indiferente diante de situações de perigo (ex.: um
míssil se aproxima do local perto de onde ele e os amigos se encontram, e num
tom apático, como se não houvesse nada demais naquilo, avisa-os sobre o míssil
sem qualquer sinal de alarde). E a primeira temporada do anime se encerra sem
sabermos ao certo a razão de Inaho não demonstrar sentimentos de forma aparente
(cheguei até a cogitar a possibilidade de ele ser um robô, afinal, com um sistema
operacional de mechas chamado A.S.I.M.O.V, não me parece algo tão absurdo
assim, rs). No entanto, isso não torna Inaho um personagem ruim, uma vez que
essa indiferença o permite ser perfeitamente frio e calculista durante as
batalhas. Do lado dos marcianos, temos a princesa Asseylum e sua serva devota,
Elddelrituo. A primeira é uma personagem gentil e ingênua, da qual não podemos
esperar mais nada além de ações que visam o fim de conflitos, embora tenha
funções importantes na trama; enquanto a segunda é uma criança mimada e
ciumenta em relação à princesa. A relevância da princesa para o espectador se
inclina mais para sua relação romântica com Slaine, outro personagem jovem, que
mantido “prisioneiro” pelo Conde Crutheo, um cavaleiro orbital, tem grande
apreço pela princesa, fazendo de tudo para salvá-lo, que dá a entender que será
o antagonista (ou, mais tarde, amigo) de Inaho.
Em relação aos personagens adultos, o núcleo mais
interessante é o que compõe os cavaleiros marcianos que protagonizam diversas
lutas contra Inaho e seus companheiros. São orgulhosos e arrogantes e, na
batalha, extremamente autoconfiantes. Dentre eles, destacam-se o Conde Crutheo
e o Conde Saazbaum, como personagens importantes em meio a uma conspiração para
matar a princesa Asseylum e usá-la como estopim para o confronto com a Terra.
Já do lado da Aliança Terrestre, assim como no núcleo de estudantes, os personagens
adultos também possuem pouca profundidade, exceto o capitão Marito, cujo trauma
de guerra há quinze anos é relativamente bem trabalhado, embora a sequela desse
trauma não tenha gerado algo crucial para a história.
Mas se há algo merecedor de elogios em Aldnoah Zero são
as batalhas entre os mechas. Nos poucos animes que pude assistir do gênero,
nunca me senti tão empolgando. Alguns fatores contribuem para esse resultado
satisfatório. Primeiro, os Cataphracts da Terra são muito, muito inferiores aos
do Império de Vers, o que eleva absurdamente o nível de dificuldade da batalha.
Para equilibrar o conflito, somente um protagonista overpower, não de força,
pois ele usa um mecha até mais fraco que o do resto da equipe, e sim de
inteligência, levando-se em consideração que a personalidade indiferente e
calculista do Inaho é necessária para a elaboração dos planos que sempre visam
descobrir os pontos fracos dos mechas marcianos. Ou seja, são batalhas de
estratégia, embora apenas por parte de Inaho, já que os cavaleiros orbitais
confiam demais em suas armas. Segundo, a excelente e alucinante trilha sonora;
uma delas, o instrumental de um dos temas de encerramento, "aLIEz", é extremamente viciante. Terceiro, a ótima qualidade de animação que nunca vira em qualquer
outro anime do gênero.
Por último, nada neste anime foi mais surpreendente e
chocante que o seu final de temporada. “Slaine, por quê?”, será uma pergunta
inevitável a se fazer por qualquer espectador ao fim do episódio 12. Muitos
odiaram (o personagem e o final), outros, como eu, procuram alguma explicação
lógica no ato insano deste personagem nos últimos segundos da série, embora
eventos anteriores, relacionado a outros personagens, também peguem o
espectador de surpresa.
Certamente irei conferir a segunda temporada que, assim
espero, irá explorar os pensamentos e as razões de Slaine de modo convincente,
além de mostrar que fim teve certos personagens.
SPOILER: Sobre esse final, penso que, como o Slaine já
via o Inaho como inimigo, e depois a história foi reforçando a relação do
Slaine com os marcianos, o personagem, pouco a pouco, estava sendo aceito. Por
isso, naquela cena, no desespero, ele tenha pensado, “agora que salvei meu
inimigo (o marciano), e Vers me aceita, que se dane então”.
2 comentários
Eu consegui me arrastar até o 2º episodio desse anime. Eu nunca gostei de mecha ai esse anime era o maior investtimento da temporada e todo mundo estava falando
ai decidi dar uma chance e me arrependi. Sei, nao curti nao.
P de Paranoia