Games populares, quando possível, transpõem sua mídia de
origem rumo a outros formatos, como o cinema. Um dos games mais populares do
gênero survivor horror ganhou sua
primeira adaptação cinematográfica em 2006, Silent Hill (No Brasil, Terror em
Silent Hill), com a direção de Christophe Gans, que conseguiu transmitir a
misteriosa atmosfera da cidade em uma ótima adaptação. O final aberto deste
longa gerou uma sequela, Silent Hill 3D: Revelação, agora sob a direção de Michael
Basset, que não conseguiu acompanhar a qualidade de seu antecessor. O filme foi
um grande fracasso nas bilheterias americanas, e embora estivesse programado
para ser exibido durante o Halloween, aqui no Brasil, acabou sendo cortado do
cronograma de estreias (apesar disso, eu queria ter a experiência de ver um
filme de Silent Hill no cinema e sair da sala com a impressão de que eu poderia
adentrar em um mundo bizarro a qualquer momento).
Silent Hill 3D: Revelação tem como base o enredo do
terceiro jogo da franquia, que é a continuação do primeiro (o qual serviu de
base ao filme anterior). Talvez também haja elementos de games posteriores, uma
vez que apenas conheço os três primeiros games da série. Como no jogo Silent
Hill 3, a protagonista é Heather Mason, que é procurada e tentada a regressar a
Silent Hill para cumprir o objetivo de uma certa Ordem. Seu pai, Ned Stark,
digo, Harry Mason, após ter acolhido a filha adotiva por meio de Rose, sua
mulher ainda presa em Silent Hill, tem a missão de protegê-la contra a Ordem.
O primeiro ato, a trama “pré-entrada em Silent Hill”,
segue a mesma linha do game, a exceção de alguns elementos. Um deles é o
maldito clichê hollywoodiano de obrigar a personagem ir à escola, embora haja
um contexto para mostrar Heather no colégio. O segundo é a descaracterização do
personagem Vincent. Enquanto que no jogo Vincent é um homem adulto e um padre
da Ordem, no filme ele tem a idade de Heather e é filho da chefe da Ordem.
Obviamente, sua função é criar um par romântico com a jovem, um clichê
completamente forçado e mal desenvolvido. O primeiro ato do filme se passa em
menos de um dia, mas esse tempo é o suficiente para o personagem conhecer
Heather e aventar uma relação mais íntima; sem contar que a garota não cria
nenhuma desconfiança pelo rapaz se envolver em coisas bizarras e aceitar numa
boa levá-la para um lugar macabro chamado Silent Hill para salvar o pai (que
não morreu, como acontece no game).
Se o começo mostrava-se razoável, o meio e o final são
bem ruins. É difícil explicar a tamanha superficialidade da história. O roteiro
apresenta conflitos bobos e soluções piores ainda, sem um pingo de massa
criativa. Vale frisar que daí pra frente, muito do desenvolvimento de Silent
Hill 3 é deixado de lado, exceto os elementos do game, como o cenário do Parque
de Diversões e o personagem Leonard. Nem mesmo as cenas de susto produzem o
efeito desejado, são previsíveis, e o roteiro mal elaborado dificulta a imersão
do espectador. Perdeu-se muito do tom de mistério do primeiro filme, tudo
parece muito explícito e artificial.
A única qualidade é
o cenário bem fiel ao de Silent Hill e que provavelmente despertará algum
sentimento nos gamers. Talvez seja esta a única razão para alguém assistir este
filme. Quanto aos espectadores comuns, nem pensem em ir para Silent Hill.
2 comentários
Bem isso mesmo. A atuação de Adelaide é muito boa, mas... Não dá pra salvar.