Resenhas, artigos e contos

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Impressões (filme): Dragon Ball Z - O Renascimento de Freeza


A indústria cultural japonesa parece ter usado as esferas do dragão para reviver a franquia de Dragon Ball. Além dos especiais que são produzidos desde o fim da saga GT, tivemos recentemente dois longas para o cinema e, em breve, uma nova série que, segundo informações, terá, no mínimo, cem episódios. Isso faz parte da nova onda de remakes, reboots e sequências de antigas franquias que a indústria cultural vem produzindo na esperança de abraçar uma quantidade fiel de consumidores (e quando bem feito, realmente consegue). Acredito que o Renascimento de Freeza tenha conseguido satisfazer boa parte dos fãs de Dragon Ball Z.

Sem dúvida, o chamativo do filme é um dos vilões mais carismáticos da série, que retorna à história para se vingar de Goku. Além disso, o enredo conta com Bills e Whis, personagens apresentados em A Batalha dos Deuses, e também com Jaco, um personagem que eu sabia que era personagem de um mangá do Toriyama, mas não fazia ideia de que estava ligado ao universo de Dragon Ball. Bills e Whis agora parecem se encaixar melhor na trama, e até mesmo seus vícios pelas iguarias da Terra (motivo pela qual não destruíram o planeta) parecem caracterizá-los melhor nesse filme. Na cronologia da franquia, a história situa-se após o último filme (vemos até a Pan bebê), portanto, não basta conhecer apenas a animação para TV ou o mangá para compreender melhor o enredo.  

O roteiro mostra-se o mais simples possível. Não que isso seja ruim, afinal, estamos falando de Dragon Ball Z, cujo foco sempre foi a ação desenfreada e exagerada das batalhas, o que acontece exatamente nesse filme. Quem sentiu falta da pancadaria em A Batalha dos Deuses provavelmente sairá satisfeito ao final deste filme cujos 2/3 das cenas são compostas de lutas, ao melhor estilo Dragon Ball Z. Por outro lado, a série realmente não conhece os limites de forçar os personagens a evoluir mais e mais seus poderes. Isso é algo que me incomoda desde a saga Majin Boo. No início da série, quando Goku ainda era criança, a evolução das habilidades dos personagens era perfeita e coerente com as capacidades e o tempo de treinamento de cada um (sendo o torneio de artes marciais um bom parâmetro). Isso perdurou até a saga Freeza, quando os scouters revelavam os poderes de luta dos personagens e, de certa forma, ajudava a manter a coerência no que dizia respeito à diferença de força. Da saga Cell em diante, essa coerência foi aos poucos se reduzindo (vide as transformações Super Saiyajin 2 e 3). Em A Batalha dos Deuses, tivemos o Super Saiyajin Deus, e agora temos o “Super Saiyajin Deus Super Saiyajin”. O grande problema dessas transformações é que cada vez mais se diminui a importância de cada uma delas, assim como a força simbólica do Super Saiyajin enfraqueceu após a saga do Freeza. Também é cada vez menos possível observar a diferença de forças entre cada uma dessas transformações, sendo a aparência do personagem a nossa única pista. Outra coisa que me incomodou também foi a justificativa que usaram para a Freeza sobrepujar o Super Saiyajin 1,2,3 e Deus: 4 meses de treinamento para um ser que nunca havia treinado. Ora, bolas! Se com 4 meses de treinamento o Freeza podia alcançar esse poder, porque não o fez quando foi à Terra pela primeira vez? Por que não usou esse método para sobrepujar até mesmo Bills ou Majin Boo, caso este despertasse (claro que isso levaria muito mais que 4 meses de treinamento?). Aliás, que tipo de treinamento seria esse? De qualquer forma, achei um tanto forçado dar ao corpo do Freeza essa capacidade num espaço tão curto de tempo.

A segunda coisa que não me agradou foi a ausência de Trunks na história, o que confirma que a pretensão era deixar o enredo o mais simples possível. Acredito que a aparição de Trunks seria interessante para Freeza saber que o segundo homem que o matou foi o filho de Vegetta, por mais que tivessem que explicar a ele o lance da viagem no tempo. Era um elemento muito interessante que o filme não aproveitou (e que imaginei sinceramente que o faria). Nem o Majin Boo deu as caras.

Apesar das falhas, o carisma inesgotável dos personagens garante um filme satisfatório, com direito a momentos de alívio cômico e cenas de lutas ininterruptas que são a marca registrada da franquia.  Também é um bom aquecimento para “Dragon Ball Super”, a nova série que irá estrear em julho. No mais, não há muito o que dizer de um anime que simplesmente quer nos deleitar com suas lutas épicas.


p.s: Kuririn é fã de One Piece. A música de chamada do seu celular é o tema da primeira abertura. Ainda bem que o Goku salvou a Terra, senão One Piece teria acabado sem um fim xD