Plataforma: Playstation 2
Desenvolvedor: Konami
Lançamento: 2004
Gênero: Survivor Horror
Classificação: Mature (maiores de 17 anos)
Esse é o meu quinto jogo da série Silent Hill, por isso tenho
uma boa experiência com a franquia. E assim como ocorre com Resident Evil,
creio que a experiência dos primeiros jogos conta muito mais do que aqueles
lançados recentemente em ambas as franquias. Mas de Silent Hill 4 eu já
esperava algo diferente dos SHs anteriores pelas críticas que havia lido na
internet. No geral, eu gostei do jogo, mas também tive algumas frustrações.
Em Silent Hill 4 o jogador encarna o papel de Henry Townshend,
que, certo dia, acorda trancafiado em seu apartamento 302 e procura um jeito de
escapar dali. Ele encontra um buraco no banheiro que lhe permite entrar em mundos
paralelos onde precisa enfrentar criaturas sobrenaturais e investigar a bizarra
história por trás de seu apartamento que está ligada a um serial killer e
(claro) à cidade de Silent Hill (este jogo não se passa em Silent Hill).
Henry é praticamente um personagem neutro cujo papel se
resume em presenciar acontecimentos, bem diferente dos protagonistas anteriores
que tinham uma ligação intrínseca com a trama. Isso não chega a ser uma
qualidade negativa, serve apenas para desviar o foco de Henry para a trama, na
qual o jogador sabe tanto quanto o personagem (ou seja, nada), dando uma
imersão mais profunda a cada novo detalhe do enredo. Além de Henry, a única
personagem relevante é sua vizinha, Eileen Galvin. O jogo cria uma aproximação
interessante com ela através de um buraco no seu apartamento em que você pode
bisbilhotar o quarto dela (não, você não vai vê-la trocando de roupa, desista!)
e também pelo buraco da porta onde você pode vê-la conversando com o síndico
sobre o apartamento em que você está preso. Na segunda metade do jogo, você
explora os mundos paralelos junto com Eileen, obrigando o jogador a protegê-la
e a não correr muito depressa para não deixá-la para trás (isso influencia na
dificuldade em se conseguir o final “bom”). O antagonista é um serial killer
chamado Walter Sullivan, que é citado em alguns documentos de Silent Hill 2.
Seu objetivo é matar 21 pessoas para realizar os tais 21 sacramentos a fim de
purificar sua “mãe”, que é o apartamento de Henry. Seu background é
interessante, mas, como personagem, deixa um pouco a desejar. Todos os outros
personagens, infelizmente, são rasos e estão lá apenas para completar o
roteiro.
A jogabilidade é similar a dos outros SHs, mas com algumas
diferenças. O único save do jogo encontra-se no apartamento, o que obriga você a sair do mundo paralelo sempre que for salvá-lo. Há um limite de itens
que o jogador pode carregar, obrigando-o a usar um baú no apartamento para
guardar esses itens. Existem apenas duas armas de fogo (uma pistola e um
revólver) e uma infinidade de armas brancas, como facas, machados, tacos de
golfe e porretes, e por isso a maioria das lutas consiste em combates corpo a
corpo com as criaturas. Os monstros são fáceis de derrotar e quase não há
chefes; por outro lado, os fantasmas são incrivelmente chatos, já que não tem
como matá-los (existe algumas espadas que conseguem deixá-los imóveis no chão,
mas dá para contá-las com uma mão). Economizar balas era fácil nos outros jogos
porque você quase não precisava matar os monstros que encontrava pelas ruas,
mas SH 4 se passa praticamente em ambientes fechados que você não sabe se vai
precisar atravessá-los mais uma vez. Às vezes se torna necessário dar um reset em alguma parte do jogo na qual você tenha desperdiçado balas, tomado muito
dano ou feito alguma outra merda. Ouço dizer que os puzzles deste game são bem
fáceis, mas não vi muita diferença de dificuldade comparados aos de Silent Hill
2 e 3 (o 1 é destruidor só com aquele do piano), e acabei tendo que olhar o
detonado duas ou três vezes (sempre porque eu não conseguia achar um
determinado item).
A primeira metade do jogo é bem mais interessante que a
segunda. Além de espiar pelo buraco da porta e do apartamento de Eileen, você
encontra alguma alma viva nos mundos paralelos com quem dialoga. Também cria-se
uma expectativa sobre a possibilidade de Eileen ser uma das vítimas de Walter,
o que instiga o jogador a avançar no game. Confesso que eu gostei bastante
dessa ambientação, que atrai mais o suspense do que o terror. Já na segunda
metade, o jogo resume-se apenas em explorar de novo os mundos paralelos vistos
na primeira metade, resolvendo os puzzles para escapar deles até chegar a certo
lugar onde o jogador receberá algumas respostas.
(melhor frase do jogo)
A trilha sonora carece de alguma música marcante, exceto por “Cradle
of Forest”, que toca no encerramento, e “Room of Angel”, que toca durante um
pequeno pedaço da abertura do jogo e em outros momentos no decorrer do game. No entanto, isso não significa dizer que ela é ruim, pois ela é quase toda composta de músicas e sons que provocam o tormento e o desespero no jogador, dando uma atmosfera muita mas tensa ao cenário. Funciona muito bem dentro do jogo, mas não me faz querer ouvi-la separadamente em algum canal do youtube.
A impressão final de Silent Hill 4 foi a de ter jogado um spin-off
ao invés de um título principal da franquia. De fato, o jogo inicialmente se
chamaria “Room 302”, e só depois foi incorporado à franquia Silent Hill. Para
muitos fãs, ele é inferior a seus predecessores, e nisso eu concordo (Silent
Hill 2 é o meu preferido). Porém, o jogo não é ruim. A premissa é interessante,
embora o roteiro não tenha sido satisfatório. Ainda assim, mantém uma qualidade
de entretenimento mediana e uma curiosidade persistente sobre as razões que
levaram o protagonista a estar naquela situação.
Nota
3.5/5
2 comentários
Muito boa a resenha, reflete bem os pontos principais do game.
Eu estou jogando pela 20a vez o jogo e não consigo não gostar. A parte filosófica do jogo me dá arrepios. À medida que você vai avançando, o jogo começa a ficar mais difícil e mais tenso, porque você vai "mergulhando" no mundo paralelo de Walter Sullivan. Os memos embaixo da porta, do ex-residente do apê, o Joseph, são instigadores.
Valeu!