Resenhas, artigos e contos

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[Resenha - Mangá] Orange #1 e #2

Mangás shoujos não constam em minhas estantes de mangás, seja por falta de dinheiro e/ou predileção por títulos shonens e seinens. Mas Orange foi uma escolha atraente, devido a pouca quantidade de volumes (cinco, no total) e, principalmente, pela crítica positiva de muitos leitores. Outra particularidade foi o fato de o mangá ter migrado de uma revista shoujo para uma revista seinen, não sei dizer se por reflexo do conteúdo e/ou por outras questões editorais.

A trama de Orange apresenta Naho Takamiya, uma garota de 16 anos que recebe uma carta cujo remetente é a própria Naho dali a 10 anos no futuro. A carta tem como objetivo alertá-la sobre um rapaz, chamado Kakeru, que irá entrar na sua escola e que ele precisa ser “salvo”. Ela fora escrita baseada no diário de Naho, e cada anotação faz referência a algum evento que irá acontecer com ela, alguns dos quais são pedidos para mudar seu curso. O enredo de Orange, então, aparenta se debruçar sobre arrependimentos, brincando com o devaneio que toda pessoa faz com relação ao passado: “se eu tivesse feito assim e assado, isso poderia ter sido evitado”. Mas é por meio dessa especulação que o verdadeiro tema de Orange se desenvolve.

Embora o desenrolar da trama apresente situações e personagens típicos de um mangá colegial, esses aspectos são mesclados a um teor dramático que envolve os arrependimentos de Naho, principalmente quando associados ao Kakeru. Foi por causa desse rapaz que a carta havia sido enviada, para “salvá-lo”. Sem muitos mistérios, o primeiro volume apresenta cenas situadas no futuro, quando Kakeru não está mais entre Naho e seus amigos. Mesmo que isso fique mais claro no segundo volume, o primeiro já dá indícios de que há algo errado em Kakeru, indícios que milhões de pessoas no mundo não conseguem perceber ao estarem juntas de um “Kakeru”, que, na maioria das vezes, vai sorrir, dizer “que está tudo bem” e procurar esconder esse problema. Kakeru sofre de depressão.

Minha expectativa é bem alta para os volumes seguintes, pois a história vem conseguindo desenvolver em um nível satisfatório e longe do senso comum um tema complicado de ser retratado e sobre o qual ainda há muita falta de informação. Claro, ainda possui um tom romantizado típico de um shoujo; mas a trama é sincera, e a questão da depressão e a marca de suas trágicas conseqüências ganha força a cada capítulo.


Deixarei outras impressões sobre a história para a resenha do volume seguinte, onde, penso eu, alguns aspectos estarão mais encorpados.

Nota Vol. 1: 4.5
Nota Vol. 2: 4.5