Resenhas, artigos e contos

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[Resenha-mangá] Assassination Classroom #13

O rosto do Koro-sensei na capa desse volume expressa minha opinião geral sobre a leitura: uma delícia (como quase todos os volumes de Assassination Classroom).

Os capítulos iniciais concluíram o arco do shinigami. Tal como no episódio do hotel, os personagens secundários foram os verdadeiros protagonistas, com destaque para o Karasuma e a Irina. A bitch-sensei, aliás, ganhou mais profundidade nesse arco, atuando, de fato, como uma femme fatale. Algumas cenas de seu passado mostraram o que a turma E já havia percebido, que Irina havia crescido “sem juntar algumas peças necessárias para se tornar adulta”.

Após o caso do shinigami, o mangá volta a focar nos conflitos educacionais, dessa vez, indo além do campo estudantil e chegando ao núcleo familiar. A figura dos pais já foi referenciada em outros momentos da história, quando associada ao (fraco) desempenho escolar dos filhos, e agora é explorada para mostrar um problema que, com certeza, afeta milhões de jovens como o Nagisa: o filho(a) como um complemento da mãe ou do pai. Se o filho possui algum desejo, este é sobreposto pelo dos pais, assim como qualquer estilo de vida pretendido. Infelizmente, são comuns os casos em que os pais enxergam os filhos como um pedaço de si mesmos, em vez de uma pessoa com objetivos próprios, uma existência autônoma.

Na história, Nagisa usa um jogo de videogame como uma metáfora para sua vida. Ele seria o “replay” do jogo de sua mãe, uma segunda rodada na qual ela não falharia; ou seja, o filho é a continuação de uma vida que a mãe não alcançou. Por isso que Nagisa tem cabelos longos (mesmo que os deixe presos), pois sua mãe tenta deixá-lo com uma aparência feminina, simplesmente porque queria ter tido uma menina para continuar os sonhos dela.

Quem você acha que te sustentou até agora? Tem noção de quanto dinheiro e trabalho eu investi em você? Paguei o cursinho! Estou pagando uma escola particular! Faço sua comida mesmo estando exausta do trabalho! Não reconhece um pingo do meu esforço! Sofreu lavagem cerebral daquele professor careca idiota! Só aprendeu a me desobedecer! Alguém como você precisa ser reconstruído por inteiro!
Mãe do Nagisa


É a primeira vez que conhecemos um pouco mais a vida pessoal desse personagem com ar de protagonista. Até então, o mangá se limitara a explorá-lo apenas no âmbito escolar: sua característica de anotar os pontos fracos do professor e o desenvolvimento de seu talento para técnicas de assassinato. Quase nada havia sido apresentado sobre seu passado ou sua família, detalhes que poderiam esclarecer sua personalidade e aparência andrógina.

Mais uma vez, o mangá estimula que o estudante se livre de possíveis correntes que estejam matando sua liberdade. Como sempre, Koro-sensei aposta no talento de seu aluno, mesmo que este, no caso de Nagisa, seja um talento para o assassinato (literalmente). O professor se vê numa difícil situação sobre como orientar seu aluno a respeito dessa habilidade, mas nada como um bom diálogo e o tempo para fermentar essa decisão.

Se tiver a intenção de matar (no sentido metafórico), pode fazer qualquer coisa. A primeira rodada de sua vida... começou nesta sala de aula.
Koro-sensei

Por fim, o volume finaliza com um capítulo introdutório do arco seguinte, que traz de volta a rivalidade entre a turma A e a turma E num festival escolar. Enquanto um lado abusa dos privilégios de sua hierarquia social, o outro usa criatividade e conhecimento sob a orientação de um professor alienígena.

Nota: 4.5 / 5.0