Resenhas, artigos e contos

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[Resenha - mangá] One Piece #63

A primeira metade dos capítulos do volume 63 de One Piece dá continuidade aos acontecimentos do último volume, intensificando-os ao ponto de termos o princípio de alguns confrontos. Contudo, ainda não é o momento em que poderemos observar mais precisamente a evolução de força de Luffy e dos outros, o que só deve acontecer quando eles enfrentarem os piratas de Hody Jones.
Já a segunda metade desse volume é inteiramente voltada para um flashback que esclarece muitas lacunas sobre os personagens da Ilha dos Homens-peixes, incluindo Arlong, Jinbei e Fisher Tiger. A história envolvendo esses três personagens foi solta em pequenos fragmentos ao longo do mangá desde o arco da Nami, quando os irmãos Yosaku e Johnny mencionaram o nome de Jinbei, e mais tarde quando Hancock contou que Fisher Tiger havia libertado ela e outros escravos dos Dragões Celestiais. Assim, boa parte dessa história misteriosa que começou bem lá no começo da série e atingiu seu clímax nessa saga começa a ser esclarecida, como é de costume nos arcos de One Piece – o autor vai plantando o suspense muito antes do início do arco ao qual esse suspense está relacionado, para explicá-lo, mais tarde, em alguns capítulos de flashback.
Nesses flashbacks, um detalhe interessante que vem à tona é a capacidade que o mangá tem de desenvolver temas pesados como o preconceito e a escravidão. Claro que ele não chega a uma reflexão profunda, mas viabiliza e incita o pensamento, que, a depender do leitor, pode ser raso ou profundo. Essa ideia de trabalhar o mangá com situações mais tensas começou a ser desenhada justamente no arco da Nami, no qual a opressão de um grupo sobre o outro e o sofrimento de uma personagem escrava a essa situação elevou a qualidade da trama e arrebanhou de vez quem ainda tinha dúvidas sobre continuar ou não acompanhando a história. No arco em questão, temos o preconceito e o discurso de ódio empregado tanto pela raça dos humanos quanto pela dos Homens-peixe, assim como a busca por soluções diplomáticas e de efeito a longo prazo, acreditando na utopia da compreensão entre as duas raças e a fé de que a próxima geração será melhor do que a presente (como é de costume em outros mangás que abordem temas bélicos; o próprio Naruto enviesa a questão da “geração posterior”).
Para o próximo volume, é provável que os flashbacks cheguem a uma conclusão e o enredo presente comece a dar os seus primeiros passos em direção ao clímax desse arco.