Resenhas, artigos e contos

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[Resenha - anime] Ping Pong The Animation



Estúdio: Tatsunoko Production

Ano: 2014

Diretor: Masaaki Yuasa

Trilha sonora: Kensuke Ushio

Nº de episódios: 11

Gênero: Seinen, Esporte









Pesquisando algum anime de esporte para assistir, deparei-me com essa breve produção de 11 episódios envolvendo tênis de mesa. Algumas imagens foram o bastante para despertar o meu interesse, e então comecei a assisti-lo.

Ao contrário de outros animes esportivos, Ping Pong The Animation é uma história de pouca duração e não tem como objetivo acompanhar toda a carreira de seus protagonistas. Trata-se de uma história que prefere o micro em vez do macrocosmo, pautada nos conflitos pessoais dos personagens enquanto jogadores de tênis de mesa e na relação que eles têm com esse esporte. É o recorte de apenas alguns meses de vida de alguns jovens, mas que é suficiente para desenvolver e encerrar seus respectivos arcos



A variedade de personagens é suficiente para sustentar o enredo. O papel de protagonismo oscila entre dois personagens ao longo do anime: Peco e Smile. Enquanto o primeiro é convencido de suas habilidades e falta aos treinos da escola Katase, o segundo não tem vontade de ganhar os jogos e oculta suas habilidades. Entre os dois, Smile é o personagem mais interessante: tem uma personalidade robótica, não demonstra sentimentos mesmo que os tenha (motivo pelo qual foi apelidado de Smile, pois nunca sorri), e não parece estar disposto a seguir carreira como jogador, ainda que suas habilidades sejam reconhecidas pelo seu treinador e por um jogador de uma escola rival. Além desses dois, a história conta com um estrangeiro chinês, Kong Weng, que foi cortado do time nacional e precisa se redimir no Japão para, assim, poder retornar ao seu país; um jogador de extrema habilidade que prioriza o tênis de mesa mais do que qualquer outra coisa, incluindo a questão amorosa, e que provoca Smile para dedicar-se ao tênis tanto quanto ele; e uma gama de outros personagens secundários com conflitos interessantes. Até mesmo um personagem que aparece numa única partida de tênis de mesa e em outras cenas que duram poucos segundos consegue ter um arco instigante (spoiler: após perder uma partida, ele segue viagem em busca de um lugar para si que não seja o tênis de mesa, para, no fim, voltar justamente ao tênis de mesa. Esse arco vai muito ao encontro do que a atriz Fernanda Montenegro diz nesse vídeo.

Porém o que me chamou mais atenção no primeiro contato com o anime foi sua estética. Fugindo dos traços convencionais, a animação aparenta ser “feia”; porém, ao contrário, é a tortuosidade dos traços que dá ao anime uma marca autoral, bela e artística, que o aproxima bastante do mangá em que foi baseado, além de conferir um dinamismo impressionante às cenas de ação. Ainda nesse diálogo com a linguagem dos quadrinhos, algumas cenas contam com quadros sequenciais, como se estivéssemos acompanhando ou lendo um mangá colorido.



A trilha sonora também se destaca com músicas que valem à pena ouvir várias vezes após o fim do anime. Elas encaixam-se muito bem nos dramas e nos instantes de ação, embora o roteiro quase sempre morno não ajude em associá-las a determinadas cenas. Qualidade sonora similar se aplica também aos temas de abertura e encerramento, cujas letras remetem ao próprio enredo da história. No caso da abertura, ela ainda conta com uma animação tão peculiar quanto àquela encontrada no episódio em si, tornando-a impossível de ser pulada ao assistir o anime.

A história consegue aproveitar muito bem os recursos de animação para mostrar as situações do enredo, seja apelando para os diálogos, simbolismos, imagens metafóricas ou, como dito antes, as letras das músicas. Apesar disso, o anime encerra-se devendo um clímax satisfatório, mesmo que os conflitos tenham chegado a um bom desfecho. De qualquer forma, Ping Pong The Animation é um ótimo trabalho dentro da animação japonesa e uma boa pedida para os espectadores que queiram conferir um anime diferenciado.