Antes de ler essa resenha, façamos um minuto de
lágrimas pelos acontecimentos deste volume.
Como citado na resenha do primeiro volume, Fullmetal Alchemist é uma obra que
aborda questões envolvendo ciência e religião. Mais uma vez, esses temas vieram
à tona nos capítulos 5 e 6, respectivamente.
Em “As angústias do Alquimista” (capítulo 5), Edward e
Alphonse visitam um alquimista federal que é especialista em síntese de
organismos vivos, chamado Shou Tucker. Vale ressaltar como os personagens desse
mangá se diferenciam dos outros protagonistas shonens no que diz respeito a
aquisição de conhecimento, ou vai me dizer que você já viu o Naruto, Luffy ou
Goku lendo um livro? Não teria como ser diferente, afinal, o uso da alquimia
demanda conhecimento teórico. Esse é um diferencial interessante com relação
aos “poderes” de outros mangás do gênero. Seria muito bom que os leitores
também se inspirassem em um personagem que imerge facilmente na profundidade de
um livro. Por outro lado, também são importantes momentos de lazer entre as
horas de estudo, que, nessa ocasião do mangá, são oferecidos pela filha de
Tucker, Nina, e o cachorro dela.
Dizem que o avanço da medicina atualmente muito se
deve a experimentos que ultrapassaram os limites da ética e da moralidade, como
aqueles realizados pela Alemanha Nazista e a União Soviética, por exemplo, ressuscitar
a cabeça de um cão ou criar um cão com duas cabeças (citando os que se
utilizaram só de animais). É esse ponto de vista que serviu de base para Tucker
criar sua quimera e garantir o seu título de alquimista federal (e mais um
minuto de lágrimas, por favor). Na verdade, o mesmo se aplica aos irmãos Elric,
que quebraram as leis da alquimia para ressuscitar a mãe deles.
Nós somos iguais, você e eu. (...) Vimos uma possibilidade à nossa frente a testamos. (...) Mesmo sabendo que era um tabu, você não conteve a vontade de experimentar.
Shou Tucker para Edward Elric
O capítulo seguinte, “A mão direita da destruição”, é
a resposta da religião contra essa ciência inconsequente, personificada em
Scar, um sobrevivente de um povo que fora exterminado pelos alquimistas sob ordem
do governo. Interessante observar como esse objetivo também está ligado ao seu
poder. O processo de transmutação é dividido em três etapas: compreensão,
decomposição e reestruturação. O poder de Scar para no processo de
decomposição, ou seja, ele é um destruidor, tal como um castigo divino sobre o
mundo (basta pensar no Dilúvio e outros eventos bíblicos).
Além do Scar como antagonista, tivemos a aparição de
mais um personagem que representa um dos sete pecados, Inveja, cujo poder é o
de se transformar em qualquer pessoa. Uma habilidade pertinente ao nome que
carrega, afinal, temos inveja das pessoas. O grupo desses sete personagens
compõem uma trama maior que será revelada bem lentamente no decorrer do mangá.
Mas de maneira acertada, após um primeiro volume introdutório, a autora vai
cadenciando o que revelar dos conflitos que compõem essa obra.