Disposto a assistir esse anime por ter sido o “boom” da temporada de Primavera/Verão 2016, encarei os 25 episódios que correspondem à primeira temporada de Re:zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu (chamado simplesmente de Re:zero), baseado em uma light novel ainda em publicação desde 2012. Trata-se de um anime sustentado pelo mote de um protagonista do nosso mundo que é jogado em um cenário de fantasia medieval, algo até clichê e que vários outros animes também apresentam sob diversas formas. O diferencial de Re:zero está na habilidade do protagonista em voltar no tempo sempre que é morto, gerando uma estrutura narrativa que possibilita interessantes pontos de virada. Funciona mais ou menos como um save automático de um jogo, no qual o savepoint é atualizado caso o personagem sobreviva além de um certo momento.
O protagonista, Natsuki Subaru, é um personagem fraco
e imperfeito, e essas duas características são importantes para o seu
entrosamento com os demais personagens. Ele é trabalhado de forma que evolua
gradativamente ao longo da trama, sendo descontruído e reconstruído a cada nova
situação. Esse processo é um dos melhores pontos positivos do anime, que não
hesita em jogar o personagem no fundo do poço para, em seguida, criar uma forma
de pô-lo de volta nos eixos.
A habilidade de retorno no tempo não é explicada nessa temporada, tal como muitos detalhes desse cenário de fantasia. Nesse sentido, por mais que a trama consiga seguir uma linha narrativa que dê possibilidade de ela revelar informações sobre aquele mundo, ela não o faz de forma suficiente. Isso quebra um pouco a relação com o espectador, que carece de conhecimentos necessários para imergir naquele mundo e compreender melhor a percepção de alguns personagens e suas respectivas magias.
A habilidade de retorno no tempo não é explicada nessa temporada, tal como muitos detalhes desse cenário de fantasia. Nesse sentido, por mais que a trama consiga seguir uma linha narrativa que dê possibilidade de ela revelar informações sobre aquele mundo, ela não o faz de forma suficiente. Isso quebra um pouco a relação com o espectador, que carece de conhecimentos necessários para imergir naquele mundo e compreender melhor a percepção de alguns personagens e suas respectivas magias.
Uma vez que o anime está mais preocupado com o arco do
Subaru, não há muito espaço para o desenvolvimento de outros personagens,
embora alguns deles tenham uma evolução notável e consigam gerar uma
significativa empatia, como é o caso da Rem, Emília e Wilhelm. É possível que,
em uma segunda temporada, alguns dos personagens que não foram aprofundados
ganhem a sua vez.
Um detalhe que o anime traz implícito em sua narrativa
são as possibilidades de relação que podemos ter com as pessoas a depender de
como nos relacionamos com elas. O retorno do tempo de Subaru lhe permite
abordar as mesmas pessoas de formas diferentes com o intuito de conseguir guiar
determinada situação a um desfecho satisfatório para todos os envolvidos. Por
isso é interessante observar em como numa linha do tempo você pode ser amado
por alguém, e em outra ser odiado a ponto dessa pessoa querer assassiná-lo.
Isso nos faz pensar se, na vida, a inimizade que temos por alguém não passa, na
verdade, de uma possibilidade de relação. Essa é uma reflexão bastante
interessante.
Comentando brevemente sobre questões pontuais da
produção, a animação é muito bem-feita, principalmente nos momentos de batalha
(uma em especial, é sensacional). A trilha sonora acerta o tom em vários
momentos, seja nos que apelam para o drama ou tragédia, ou ambas as coisas;
porém não é memorável e nem se destaca por si mesma. Por outro lado, as músicas
da primeira abertura e do primeiro encerramento são aquelas que você não
cansará de ouvir no youtube.
Com qualidades e defeitos, Re:zero pode não satisfazer o espectador ocasional de animes. É
recomendado para quem tem mais afinidade com essa mídia, seja pela ambientação
e mote típicos dela, e pela dose de fanservice
que apresenta.